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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

POESÍA ESPAÑOLA

Coordinación: AURORA CUEVAS CERVERÓ

Universidad Complutense de Madrid


SANTIAGO MONTOBBIO DE BALANZÓ
(  ESPANHA )

 

Santiago Montobbio é formado em Direito e Filologia Hispânica pela Universidadede Barcelona e professor da UNED. Publicou pela primeira vez como poeta na Revista de Occidente em 1988, e seu primeiro livro, Hospital de Inocentes (1989).

Recibió el Premio Nacional de las Letras Españolas. 

CONTATOtextos

TT textos EN ESPAÑOL  -  TEXTOS EM PORTUGUÊS 

NANICO  21 – HOMEOPATIA CULTURAL -  AGOSTO 2002  São Paulo: Oficina do Livro Rubens Borba de Morais, 2022. Impresso pela IMPRENSA OFICIAL DE SP.  Página publicada em fevereiro de 2024 em São Paulo, SP. 
No  10 756             Exemplar doado por ALEX COJORIAN

 

 

 ESCENA

 Nosotros esperábamos jinetes, jinetes no sabíamos de quién,
jinetes quizá de nadie. Alguién tenía que enviar jinetes,
eso nos dijeron, por eso los esperábamos. En calmar llagas
con vendas de silencio
matábamos el tiempo. Así
esperábamos jinetes. Pero
ya no esperamos. Porque en esto
se nos fue la vida, pueden
reírse, en esta escena.
Todo
era un engaño.


VUELTA

Crepusculaba viviendo en el ahuecado centro
de la tarde aquella en que los pájaros
lentamente se volvieron
afónicos desiertos sin espejos.
Nos han dicho
que tenemos los días contados.
Pero si alguien pensaba
que eso iba a impresionarnos
es aún niño vivo o muerto ingénuo.
Pues nosotros vivimos en la tarde olvidada por los pájaros,
nosotros sabemos que si alguien hizo ese esfuerzo
lo hizo en vano
y si con amor y con sombra nos mirábamos
un estribillo de romance viejo


con apócrifos ojos podríamos aún decirles
“días de nadie, para qué contarse”.  Y después de eso
a madrigueras de sombra volveríamos. Aunque quizá una risa
de leves huesos crujiría aún un instante. Porque nos parece
que tras tanto tiempo de silencio esos versos
—¿no creéis? — tampoco estarían mal del todo.



PARA EL MISMO INSOMNIO

 No dormir es un infierno, y más aún quizá
saber la sorda sombra que amordaza
las arquitecturas invisibles del misterio.
Agujeros soy, muy lenta muerte y mientras
otra vuelta doy (no sé qué número) atravieso
las grietas donde suspira el mundo: no dormir
es un infierno, y aunque a veces recuerdo las manos
o el sol con el tejí versos con palomas
sordo en sombra conozco que aún lo es más saber
que no ha de acabar nunca mi destierro y que tampoco
puede fatigaros el buscarme. (Dios no ve a los agujeros).


UNA MUJER

Una mujer se hace así: sobre las espinas del sueño
con un poco de luna y como escogida cárcel
donde la luz se amanse.  Una mujer se hace así,
y si no debería hacerse de un modo parecido.


YA BASTA

Es del vivir
la mentira el techo.
 

 

CONFESIÓN ÚLTIMA

De entre las mentiras una de las que prefiero
es la luna. Antigua o perdida, ni los locos
la creen, y con sus torpes palabras pueden
fabricársele torpes vestiduras. Porque
el poeta—gata falsa— a veces no está
para cielos o pájaros es por los que os hago
una confesión última.  De la noche
no hablo.  Porque sin engaño o niño
cómo osar decirte
que la noche es mentira.
 

                                            ***


TEXTOS EM PORTUGUÊS
T
RADUÇÃO  de ANTONIO MIRANDA

 

CENA

 Nós esperávamos cavaleiros, cavaleiros não sabíamos de quem,
cavaleiros talvez de ninguém. Alguém tinha que enviar cavaleiros,
isso nos disseram, por isso os esperávamos. Em acalmar chagas
com vendas de silêncio
matávamos o tempo. Assim
esperávamos cavaleiros. Mas
já não esperamos. Porque nisto
foi-se nossa vida, podem
rir-se, nesta cena.
Tudo
era um engano.


REGRESSO

Crepusculava vivendo no esburacado meio
da tarde aquela em que os pássaros
lentamente se tornaram
afônicos desertos sem espelhos.
Nos disseram
que temos os dias contados.
Mas se alguém pensava
que isso ia impressionar-nos
é ainda menino vivo ou morto ingênuo.
Pois nós vivemos na tarde olvidada pelos pássaros,
nós sabemos que se alguém fez esse esforço
o fez em vão
e se com amor e com sombra nos olhávamos
um refrão de romance antigo


com apócrifos olhos poderíamos ainda dizer-lhes
“dias de ninguém, para que contar”.  E depois disso
a tocas de sombra voltaríamos. Embora talvez um riso
de leves ossos iria ranger por um instante. Porque nos parece
que depois de tanto tempo de silêncio esses versos
—no acreditas? — tampouco estariam mal del todo.



PARA O MESMO INSÔNIO

 Não dormir é um inferno, e mais ainda talvez
saber da surda sombra que amordaça
as arquiteturas invisíveis do mistério.
Buracos sou eu, muito lenta morte e enquanto
outra volta eu dou (não sei quantas) atravesso
as rachaduras onde suspira o mundo: não dormir
é um inferno, e embora às vezes relembro as mãos
ou o sol com que tecí versos com pombos
surdo na sombra conheço que ainda é mais saber
que não ha de acabar nunca meu desterro e que tampouco
pode fatiga-los o buscar-me. (Deus não enxerga os buracos).


UMA MULHER

Uma mulher faz-se assim: sobre os espinhos do sonho
com um pouco de lua e como escolhida cárcere
donde a luz se amar-se.  Uma mulher se faz assim,
e se não deveria fazer-se de um jeito parecido.


YA BASTA

É do viver
a mentira do teto.
 

 

CONFISSÃO ÚLTIMA

Entre as mentiras uma das que eu prefiro
é da lua. Antiga ou perdida, nem os loucos
creem nela, e com suas torpes palavras podem
fabricar torpes vestimentas. Porque
o poeta—gata falsa— às vezes não está
para céus ou pássaros é pelos que lhes faço
uma última confissão.  Da noite
não falo.  Porque sem engano ou menino
como ousar dizer-te
que a noite é mentira.

 

*

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Página publicada em fevereiro de 2024

 

 

 
 
 
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